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Chemsex: entenda mais sobre a prática de fazer sexo sob uso de substâncias psicoativas

Conhecido também como "sexo químico", a prática está se tornando cada vez mais popular, principalmente entre a comunidade LGBTQIAPN+. Saiba mais sobre os riscos e alternativas ao chemsex

 

Pode ser que essa seja a primeira vez que você se depara com o termo, mas o chemsex vem se tornando cada vez mais conhecido. Afinal, o que é essa prática? 

A expressão “chemsex” é utilizada para descrever o uso de substâncias antes ou durante atividades sexuais planejadas para facilitar, iniciar, prolongar e intensificar a experiência sexual. Entretanto, especialistas não recomendam o uso devido aos altos riscos de saúde envolvendo a prática.

O termo, derivado das palavras “chemical” (químico) e “sex” (sexo), não tem tradução para o português e foi criado pelo australiano David Stuart por volta do início dos anos 2000. De acordo com o assistente social e ativista social, o uso de algumas substâncias lícitas e ilícitas durante o sexo, principalmente por homens que se relacionam com homens, passou a ser tratado como um problema de saúde pública na Europa, na época de 2012, em especial no Reino Unido.

Segundo a psiquiatra Olivia Pozzolo, profissional especializada em transtornos mentais e abuso de substâncias, o aumento da prática de “chemsex”, atualmente, pode estar relacionado a uma série de fatores. "Embora a combinação de substâncias psicoativas com atividade sexual não seja algo novo, é possível que a maior visibilidade e acessibilidade às drogas, bem como mudanças socioculturais, tenham contribuído para o aumento dessa prática", comenta a médica.

"Nos últimos anos, o aumento da disponibilidade e diversidade de substâncias psicoativas, assim como o fácil acesso a aplicativos de encontros e redes sociais, contribuíram para uma maior experimentação e uso dessas drogas em contextos sexuais".

 

Quais são os ilícitos mais usados durante o chemsex?

O “chemsex” está associado ao uso de diferentes substâncias, como o GHB (gama-hidroxibutirato), solvente industrial líquido e transparente, consumido com bebidas não alcoólicas. Entretanto, este psicoativo é considerado de alto risco, dado que a diferença entre uma dose segura e uma tóxica é muito pequena.

Além dele, estimulantes sexuais como “poppers”, metanfetaminas e cocaína estão dentre os mais procurados. Substâncias legalizadas, como o álcool, também podem ser utilizadas nesse contexto, embora não haja estudos específicos relacionados ao álcool e a essa prática. 

Para usuários do Grindr, por exemplo, aplicativo de encontros conhecido pela comunidade LGBTQIAPN+, o uso de emojis para simbolizar preferências sexuais envolvendo a prática do chemsex é algo bem comum. O emoji das chamas (🔥), é usado pelos adeptos do Poppers. Já a chave (🗝) é para quem prefere transar sob efeito da ketamina, enquanto o emoji de raio (⚡) é usado por quem usa cocaína. A figura da gota (💧) é utilizada na bio por quem se relaciona usando GHB, enquanto a folha de cor laranja (🍁) serve para representar os usuários de maconha.

 

Por que não aderir ao chemsex?

É importante ressaltar que o “chemsex” está associado a vários riscos à saúde, como um maior risco de contrair infecções sexualmente transmissíveis, comportamentos sexuais de risco (como, por exemplo, falta de uso de preservativos), problemas relacionados a saúde mental como depressão, ansiedade e episódios de paranoia, além do risco de overdose com substâncias como o GHB. 

"Os efeitos específicos podem variar dependendo da substância utilizada. Sintomas comuns relatados são um estado de euforia, relaxamento muscular e intensificação das sensações sexuais. Porém, também podem causar sonolência ou insônia, desorientação, paranoia, náuseas e até mesmo a perda da consciência. É fundamental compreender que essas drogas podem ter efeitos negativos no corpo e na mente, além dos riscos associados ao uso em contextos sexuais. Buscar apoio médico e psicológico é necessário para aqueles que estão enfrentando dificuldades relacionadas ao “chemsex”, comenta Olivia Pozzolo.

Ainda segundo a psiquiatra, buscar prazer e intimidade sem uso de substâncias é possível: "Busque formas de vivenciar o prazer sexual, o que pode incluir a exploração de fantasias e desejos. Além disso, promova uma comunicação honesta e aberta com os parceiros sexuais, discutindo limites, desejos e expectativas. Lembrando que cada pessoa é única e pode ter necessidades diferentes. É importante encontrar as estratégias que funcionam melhor para você e buscar apoio adequado, se necessário".

Buscar maneiras prazerosas e saudáveis de explorar o prazer sexual e reconhecer os sinais do nosso corpo são conceitos que andam lado a lado. A procura pela conexão com nosso eu-sexual pode vir de várias formas, e é sempre bom lembrar que essa busca por novas formas de sentir prazer pode ser mais segura, consciente e tão potente quanto nossa sexualidade nos permite ser.

 

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