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Beber e transar: esse match funciona?

Você pode sentir uma euforia e se divertir com a situação, mas se passar do seu limite, a noite pode ser um pouco frustrante


Por Amanda Grecco 


Se antigamente o álcool era usado para reforçar os laços entre as pessoas e aliviar as tensões sociais, hoje quase nada mudou, com exceção da parte do “laços entre as pessoas”. A bebida está presente nas relações afetivas há incontáveis gerações. E assim entra a taça para que o flerte role com mais facilidade e, quem sabe, o sexo também. Mas nem sempre essa conta fecha, já que a mesma bebedeira que relaxa pode impedir que a noite não acabe tão bem quanto você havia imaginado.


O álcool atua diretamente no sistema nervoso central, causando sensação de euforia durante o início do uso. Com poucas doses, já é possível sentir o relaxamento e desinibição que, de acordo com o médico endocrinologista Joaquim Bastos, pode aumentar a autoconfiança, ajudando na conquista de uma parceria sexual. 


“O início pode parecer gostoso, mas, com o avançar dos goles, também corremos cada vez mais risco de piora no desempenho sexual, podendo levar a situações como dificuldade de ereção e ejaculação precoce”, explica o médico. 


No começo, podemos perceber o aumento de libido e mais segurança de uma performance interessante. Mas a hora da transa pode não ser tão gostosa como o imaginado, já que, como disse Joaquim, pode haver mais dificuldade para manter a ereção do pênis, ou chegar à lubrificação na vagina. “Em ambos os casos, manter o prazer é mais difícill”, explica a psicanalista e sexóloga Juliana Alves.


Já que a embriaguez pode significar a redução da percepção de vulnerabilidades, além de causar episódios de perda de memória pontual e redução da capacidade de perceber o que está acontecendo, é importante questionar se é isso mesmo que estamos buscando e qual o momento de migrar para água, ou bebidas não alcoólicas, já que podemos entrar num campo fértil para abusos e violências, alerta a sexóloga. 


“Quando o consumo é frequente, é possível que a pessoa comece a se isolar por vergonha das últimas vezes em que estava alcoolizada em público, além de aumentar o risco de desenvolver doenças hepáticas, principalmente se o estilo de vida já envolve outros fatores de risco, como sedentarismo e sobrepeso”, explica Joaquim.


Para quem curte fortes emoções e faz uso de entorpecentes na hora do sexo, prática também conhecida como ChemSex, que envolve uso de álcool e outras substâncias psicoativas, os riscos são mais graves, incluindo diminuição da capacidade de consentir, perda de percepção de situações de riscos e dos cuidados com a saúde sexual, como infecções sexualmente transmissíveis, gestação não planejada, ferimentos e pouca percepção do limiar de dor, de acordo com Juliana.


Entretanto, a sexóloga esclarece que tudo que é feito em ambiente de segurança e de forma consciente pode ser interessante. “Não é sobre burocratizar o momento de lazer, mas ter discernimento sobre onde, com quem e por qual razão você consome álcool”. Se todos os envolvidos forem adultos conscientes e o uso do álcool não for uma imposição social do momento, cabe a cada indivíduo respeitar o seu limite, mapear seu centro de equilíbrio e tornar essa uma experiência segura e divertida.

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