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Tantra: entenda o que é e como ele pode mudar as suas relações

Nos aprofundamos na filosofia que sugere presença e explora o sentir na vida e também no sexo 

Por Isabela Serafim

Provavelmente, você já deve ter ouvido falar sobre Tantra. Também muito provavelmente, a explicação ou percepção que teve sobre o tema pode ser bem diferente de seu significado por essência. No dicionário Michaelis, Tantra é um "conjunto de livros anônimos e práticas culturais elaborados na Índia, entre os séculos VII e XV, que tratam da realização espiritual e de crenças, rituais, magias etc". Quando perguntamos para pessoas que não têm conexão com o assunto, podemos ouvir que sua conotação é puramente sexual. E é verdade que o sexo é uma manifestação do Tantra. Mas não é só isso. A seguir, entenda um pouco mais da filosofia que explora o sentir. 

De acordo com a professora de Kundalini Yoga Juliana Menz, a palavra Tantra tem alguns significados. "TAM significa expansão; TRA é liberação. Também significa tecer ou tecido, trama ou teia. Assim, nos remete à teia da vida e à visão de unidade, sendo o universo um tecido onde tudo se inter-relaciona em um processo contínuo." Para Renato Kublikowski, especialista em mindfulness e meditação ativa, Tantra é a arte de escolher conscientemente um caminho de satisfação, preenchimento, consciência e tesão. "Tesão como conexão à fonte da vida, ao primordial de cada ser humano", diz. 

Não existe uma única explicação conceitual para o Tantra. Na nossa interpretação, ele é um estado constante de atenção plena e presença na vida e também, principalmente, na hora do sexo. Hoje, há diversos grupos e linhas que estudam e praticam a filosofia. O Instituto Metamorfose, por exemplo, é referência em massagem tântrica no Brasil. "Existem vertentes, como o Tantra Branco, que se afastam do contato sexual. Outras, levam o sexo como principal ferramenta de investigação e manifestação do Tantra", explica Renato.  

Um ponto importante é que a ideologia tântrica é matriarcal. Para o Tantra, a mulher tem um papel importante e é enxergada como potência, aponta Juliana Menz. "É uma filosofia que trabalha a energia sutil do corpo. Então, fica fácil entender a evidência feminina: o corpo da mulher tem muito mais força e predisposição biológica a sustentar níveis mais intensos de energia, porque é capaz de gerar uma vida, de passar por explosões orgásticas sem deixar essa energia se esvair e conseguir passar por ciclos de renovação muito mais intensos que o homem." Na prática, a base e o tempo de uma relação sexual tântrica, por exemplo, são guiados pela mulher. 

E como podemos incluir premissas do Tantra nas relações hoje? Renato Kublikowski acredita que precisamos aprender a dizer "sim". "De acordo com o Osho, em cada relação de duas pessoas (falando de duas pessoas para simplificar a explicação, mas podem ser 3, 4), há 4 pessoas em jogo. A pessoa 1, a projeção que essa pessoa tem da pessoa 2, a pessoa 2 e a projeção que a pessoa 2 tem da pessoa 1. O Tantra ajuda a perceber o que é realidade e o que é fantasia em relação à percepção da outra pessoa, e, através da auto-observação, entender os próprios limites e a independência e liberdade do outro", diz. 

Para ele, se relacionar tantricamente é ser livre e permitir que a outra pessoa seja livre dentro de um relacionamento. "Eliminar as projeções que um tem do outro abre espaço para relações muito mais saudáveis, prazerosas e conscientes." Faz sentido, né? Juliana complementa: "Tantra é afeto, é cuidar de você como você cuida do outro, porque somos todos interligados. A ideia de separação é que faz com que nos sintamos distantes um dos outros. Sexo é afeto. Quando o Tantra sugere liberdade, não está dizendo algo informal ou sem carinho. Está dizendo sem possessividade, mas com total amor e entrega. Tantra é afeto."  
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