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Shibari: saiba mais da técnica fetichista de amarração

Submeter o próprio corpo a posições de restrição causadas por nós de cordas pode trazer muito prazer 


por Amanda Grecco


Nós feitos com precisão e suspensões que mantém os corpos em posições dignas de fotografias memoráveis. Se você tem interesse pela arte com cordas, saiba que esse mundo do shibari é ainda mais surpreendente do que você imagina.


Shibari é uma arte japonesa de amarração erótica e sensorial que tem ganhado cada vez mais popularidade em todo o mundo. A palavra "shibari" é derivada da palavra japonesa "shibaru", que significa "amarrar, atar". A prática do shibari é uma forma de expressão corporal que envolve o uso de cordas para criar uma ligação física e emocional entre as pessoas envolvidas.


O shibari é muitas vezes descrito como uma combinação de arte, performance e técnica, que permite que os participantes explorem suas sensações corporais, emocionais e mentais. A técnica envolve a amarração de nós e laços elaborados em torno do corpo, criando formas únicas e estéticas.


De acordo com Dandy del Sur (elu/delu), pornoperformer e shibari rigger, o shibari é uma comunicação, um diálogo e, em algumas ocasiões, uma troca de poder. “Se uma pessoa se coloca disponível para que a outra a amarre, é preciso criar negociações para que isso aconteça, porque nem todo mundo está a fim de ser tocado em qualquer lugar todos os dias. O grande objetivo é conduzir a pessoa que será amarrada pelas sensações que ela deseja sentir”, explica.


Esse é um mundo que somente pode ser construído com o consentimento explícito das partes envolvidas. Além disso, a segurança é fundamental na prática do shibari: é crucial que os participantes estejam cientes das técnicas de segurança adequadas e sejam capazes de identificar e interromper a atividade se algum limite for ultrapassado.


Shibari x BDSM

Assim como o BDSM (saiba mais aqui), shibari é sobre comunicação, empatia e prazer, jamais uma prática que deve ser unicamente desconfortável. 


“Shibari não é como você faz este laço ou aquele laço, é como você usa a corda para trocar emoções com o outro” – Yukimura Haruki, mestre shibari


Dependendo da forma como é realizado, o shibari pode causar uma sensação de dor prazerosa. A amarração com cordas pode aumentar a circulação sanguínea e estimular as terminações nervosas, podendo gerar uma sensação agradável.


Dandy explica que o shibari e o BDSM são próximos, mas o shibari não é só BDSM. “O BDSM envolve uma troca de poder, enquanto o shibari não necessariamente requer essa troca. Pode ser que você queira ser amarrado para uma foto e não deseja que alguém tenha poder sobre você”.

 

Para além do ato sexual

Shibari permite que as pessoas explorem sua sexualidade e seus desejos de forma segura e consensual. Além disso, a amarração pode ser usada como uma forma de meditação e concentração, permitindo que as pessoas desfrutem de sensações e emoções até então nunca alcançadas.

 

As amarrações podem ajudar a aliviar o estresse e a ansiedade, permitindo que as pessoas se sintam mais relaxadas e confortáveis consigo mesmas. A imobilização também pode ser uma forma de submissão e entrega, permitindo que as pessoas abram mão do controle e se sintam libertas de eventuais preocupações.

 

Praticantes também entendem o shibari como uma forma de autoconhecimento, permitindo que as pessoas explorem suas emoções e corpos de forma mais profunda e consciente. “Com a prática de autoamarração, por exemplo, você mesmo pode proporcionar aquilo que quer, como acolhimento, alongamento, tesão, relaxamento”, diz Dandy.

 

Para praticar, você precisa saber:

  • Conhecimento prévio: é importante ter conhecimento básico sobre técnicas de amarração, anatomia humana e segurança antes de começar a praticar;
  • Comunicação clara: estabeleça claramente as expectativas, limites e palavras de segurança;
  • Material adequado: use cordas de juta artesanal boa qualidade e certificar-se de que estão limpas e secas antes de cada uso;
  • Monitoramento constante: durante a prática do shibari, é preciso ficar atento à respiração, circulação sanguínea e limite de dor da pessoa amarrada;
  • Emergência: tenha sempre uma tesoura adequada para desamarrar rapidamente se necessário;
  • Consentimento mútuo: todas as pessoas envolvidas na prática do shibari precisam concordar em participar, e a atividade deve ser feita de forma consciente e segura;
  • Grupos de apoio: procurar grupos e pessoas já envolvidas com a prática é um ótimo caminho para experienciar o shibari com os cuidados que ele requer.

 

“Quem entra numa sessão de shibari deve ter consciência que essa não é uma prática livre de riscos. Quanto mais você se informa, menor a possibilidade de que as experiências causem danos físicos e emocionais”, alerta Dandy.

 

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