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Quando o sexo não está legal: o que e como falar

Sexóloga explica como comunicar a parceria sem quebrar o clima


Por Amanda Grecco


Se pensar em sexo já é tabu para muitas pessoas, falar sobre é mais difícil ainda. Carregamos durante toda a vida alguns desconfortos sobre assuntos que perpassam este universo. Acontece que é essa herança que torna ainda mais complicada a comunicação na hora do sexo, principalmente quando você não curte algo que está rolando e fica sem saber como avisar a outra pessoa sem magoá-la.


Voltando um pouquinho no tempo, tente lembrar da primeira vez que você ouviu um adulto ensinando algo sobre sexo. Provavelmente, você aprendeu sobre ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis, as chamadas DSTs há alguns anos); algo sobre contracepção com a famosa cena do preservativo na banana e como realizar a higiene das genitálias. Basicamente, aprendemos que o sexo é uma penetração que pode causar muitos riscos, incluindo doenças mortais e gestações não planejadas.


Com todo esse medo e falta de informação sobre o que pode acontecer quando o mundo da sexualidade é explorado com respeito e liberdade, vamos aprendendo de forma bastante desajeitada sobre o que gostamos, ou não. E ainda por cima, se dermos sorte, descobrimos que a famosa dança da relação heteronormativa – que inclui beijo na boca, sexo oral e penetração – é só mais uma das múltiplas possibilidades.


“Durante os meus atendimentos, eu percebo que muita gente não tem uma vida sexual saudável, quiçá satisfatória”, diz a psicóloga clínica e sexóloga Michelle Sampaio. Ela conta que as pessoas são aficionadas pela performance que aprenderam com referências pornográficas, redes sociais etc e deixam o prazer de interagir de diferentes formas por achar que existe uma receita específica para ter e dar prazer.


Acontece que falar sobre o que desagrada na hora do sexo é difícil mesmo. Com os corpos à mostra, os odores exalando e a intimidade toda, dizer “Para, eu não gosto disso” pode quebrar definitivamente o clima. Mas deixar a transa rolar sem estar gostando também não funciona, né? 


Afinal, o que fazer?


A dica da Michelle é dizer o que você gosta ao invés de dizer o que não gosta “Por que não contar para a parceria o que fazer? Pode ser mais agradável falar sobre o que dá prazer quando o outro faz, ou mesmo apresentar alternativas de forma a envolver o outro nesse prazer que você busca”.


Se você não se sente à vontade com quem está transando, a sexóloga sugere que seus pacientes aproveitem a facilidade da comunicação virtual “Dizer que você viu um filme ou trazer outro gancho pode ajudar a começar uma conversa, e esse tipo de assunto pode ser mais fácil por WhatsApp, se você preferir. “Aproveite um tema para dizer 'Poxa, talvez a gente pudesse melhorar nisso, ou nossa, vi isso num filme e já aconteceu com a gente também'”. Michelle explica que ir pelas beiradinhas é sempre o melhor caminho para iniciar uma relação com mais liberdade e intimidade.

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