Fiz um ménage à trois com o meu namorado pela primeira vez e foi uma experiência interessante
Como é transar com mais de uma pessoa estando acompanhada de alguém com quem se tem envolvimento emocional? Neste relato em primeira pessoa, dá para se ter uma ideia das dores e delícias que acompanham o momento
Por redação
Imagine a seguinte cena: você está em uma festa na casa de amigos. Quando menos espera, todo mundo começa a se beijar sem se preocupar muito com orientação sexual, status de relacionamento ou julgamentos. A partir daí, o after a três no quarto do casal anfitrião pode ser algo que acontece naturalmente. E então, quando você abre os olhos às vezes para checar se é isso mesmo que está acontecendo, se depara com mãos, pernas, virilhas, bocas, línguas e fluidos de todos os tipos vindo de duas pessoas diferentes. Fica difícil controlar o tesão, então você se deixa gozar várias vezes até cansar. No dia seguinte, o melhor dos mundos: você era a terceira pessoa ali, portanto, nada de ciúmes, climão ou DRs.
Ser feliz em um ménage à trois quando não se tem envolvimento emocional com ninguém é bem fácil, mas, e quando se está em um relacionamento e pinta aquela vontade de trazer outras pessoas para o sexo? Será que esse desejo é sintoma de desconexão? Será que é o começo do fim? E se um dos dois se apaixonar pela outra pessoa? Esses e outros questionamentos ficaram na minha cabeça quando eu e Edu, meu namorado, começamos a falar sobre termos um relacionamento mais livre, que não chega a ser aberto, mas que respeita os desejos de cada um e tem espaço para conversas e sugestões.
No meu relacionamento, sempre tentamos ser cuidadosos e verdadeiros quando surgem essas conversas que são, ao mesmo tempo, deliciosas e extremamente desconfortáveis – e, claro, falar sobre algo não nos isenta das paranoias. Mas mesmo com todas essas questões, depois desse papo iniciado, comecei a me permitir sentir mais tesão que ciúmes quando vejo meu namorado ser paquerado na balada. Meio que foi assim que começou o nosso primeiro ménage: uma mina paquerou meu namorado na balada.
Eu já tinha feito sexo a três em outras ocasiões. Mas era a primeira vez que eu fazia parte do casal. Como sou uma mulher bissexual e meu namorado é um homem heterossexual, quis respeitar a orientação dele e começar por uma terceira mulher. Então, lá fui eu. Comecei a dançar com Bianca na pista e nasceu um climinha. Quando senti abertura, perguntei se ela ficava com mulheres e ela disse que nunca tinha rolado, mas que tinha curiosidade. Comecei ali um flerte, só eu e ela, enquanto meu namorado pegava um drinque. Quando ele voltou, apresentei os dois e trocamos algumas palavras. Nesse dia foi só o que rolou.
Algumas semanas depois, Edu e eu saímos para almoçar com amigos. Os encontros estavam voltando aos poucos e nós, que começamos a namorar no meio da pandemia, estávamos super curiosos com a vida a dois em sociedade. Depois do almoço, paramos para tomar um drinque e resolvemos emendar em uma festinha. Aí Bianca nos mandou mensagem perguntando onde estávamos e foi nos encontrar.
Ela chegou e começamos a dançar os três. Quando vi, já estávamos nos beijando na pistinha. O lugar começou a ficar muito cheio, então Edu e eu sugerimos tomar um drinque na nossa casa e fomos.
Sabe aqueles dias em que a gente sai de casa e sabe que vai transar? Eu me sentia assim, talvez por causa do vestido que estreava e que Bianca elogiou assim que entramos em casa. Eu não sabia bem como começar, mas entendi que o primeiro passo estava mais nas minhas mãos que nas do Edu, então aproveitei o gancho do elogio e, abrindo o zíper, perguntei se ela queria provar o vestido - ela não provou, claro.
Começamos a nos beijar enquanto o Edu ficou assistindo do outro lado da sala e, ver que ele estava com tesão foi me deixando com ainda mais tesão. Quando eu e Bianca já estávamos numa pegação intensa, Edu resolveu se juntar a nós e aí foi uma delícia, mas não vou mentir, também foi confuso pra caramba.
É estranho sentir tudo o que surge ao mesmo tempo nesse momento. Tesão? Claro. Vaidade? Sim - afinal, é algo que tem muito a ver com se exibir para uma pessoa que amamos. Ciúmes? Também. Além disso, pudor, inadequação, liberdade e mistério são palavras que fizeram sentido para mim naquele momento. Mas o que foi mais estranho é que, logo após nos despedirmos de Bianca (e na semana que seguiu nosso primeiro ménage como um casal), Edu e eu transamos como não transávamos há algum tempo – sabe essa coisa de começo de namoro, de encostar na pessoa e já ficar morrendo de tesão? Foi isso.
Depois dessa, transamos juntos com outras pessoas outras vezes. Ainda temos nossas questões, claro – e acho que sempre vamos ter, como em todo relacionamento. Mas tem ficado mais confortável, menos confuso, mais natural. Me parece ser um novo hobby que cultivamos juntos e, por isso, causa tanta conexão entre nós como correr no parque lado a lado.
Tem uma parte na música Menino do Rio, de Baby do Brasil, que diz: Quando eu te vejo eu desejo o seu desejo, que tem algo da psicanálise, algo que ama a ideia do amor do outro, não o outro em si. Mas penso que também se encaixa aqui: ver uma pessoa que eu amo, que está em um relacionamento comigo (desses que não tem nenhum suspense e que tem muito respeito), transar com outra pessoa me despertou um novo desejo, uma vontade, uma libido nova e isso tem sido muito legal!
*Os nomes das pessoas foram alterados por pedido da jornalista que escreveu este relato.