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Amizade colorida: como lidar com o sexo entre amigos

Quer ficar com um amigo ou amiga e tem medo de estragar a amizade? Ou já ficou e não sabe como agir agora? Conversamos com pessoas que passaram pelo mesmo para jogar luz sobre as fronteiras borradas entre a amizade e o amor romântico


por Olívia Nicoletti


Talvez um dos roteiros mais replicados em filmes de comédia romântica seja o seguinte: dois amigos se apaixonam, há um conflito e, depois de idas e vindas, terminam juntos e apaixonados. O papo é tão manjado que se você digitar "comédia romântica amigos" no Google, o próprio site já completa com "se apaixonam". E, cá entre nós, seria um verdadeiro conto de fadas viver um romance com alguém que nos entende tão bem como um amigo, não é mesmo?


Mas quem já passou por isso na vida real sabe que nem sempre é bem assim. Na verdade, as histórias mais comuns são parecidas com a da jornalista Isabela, que viu uma amizade valiosa acabar depois de uma ficada de fim de noite. "Eu e o Léo já éramos amigos há quatro anos quando ficamos uma única vez depois de uma festinha", conta ela. "Era comum dormirmos juntos com outros amigos, mas nesse dia, estávamos só nós dois no mesmo quarto. Foi ele quem puxou o assunto e disse que pensava em ficar comigo há algum tempo. Recebi com surpresa, mas como meu corpo respondeu com desejo ali no momento, acabei cedendo e imaginei que poderíamos, sim, seguir nossa relação como se nada tivesse acontecido". Mas, não apenas a relação não seguiu como antes, como mudou completamente: desse dia em diante, Isa percebeu um distanciamento irreparável do amigo, que preferiu se afastar a conversar sobre o que ambos sentiram. "Durante muito tempo eu tentei entender o que tinha acontecido, mas ele não deu abertura para um diálogo, infelizmente", diz.


Não sabemos o que aconteceu com o Léo, mas é comum confundir a amizade com o amor romântico. Ainda que não dê para cravar um motivo universal para que isso ocorra, uma vez que estamos falando sobre sentimentos muito subjetivos, dá para entender. Quem explica é a psicoterapeuta e escritora Natalia Timerman: "talvez porque a amizade não deixa de ser um tipo de amor, uma das formas que ele pode assumir, provavelmente a mais duradoura delas". E aí, já viu, é projeção atrás de projeção. 


Assim como arriscar uma amizade com uma ficada pode acabar com uma relação até então saudável, pode também fazer com que essa relação fique ainda mais legal - e sem precisar, necessariamente, evoluir para um romance. Foi o que aconteceu com a chef de cozinha Juliana*, que há mais de 10 anos mantém uma amizade colorida com Gabriel*. "Nos conhecemos há cerca de 13 anos e construímos uma amizade muito bacana. Ficamos pela primeira vez há 10. Durante todo esse tempo, eu namorei algumas pessoas e ele também e, durante os hiatos entre términos e inícios de outros relacionamentos, a gente costuma ficar. Nunca rolou esperança de que evoluísse para um namoro ou algo nesse sentido. Soubemos realmente separar as coisas", conta Juliana, que hoje namora e mantém sua amizade com Gabriel como se fosse qualquer outra.


Mas é possível se envolver fisicamente com uma pessoa sem se envolver emocionalmente? "Envolvimento é envolvimento, físico ou emocional, e as fronteiras entre ambos não são tão fáceis de serem delimitadas porque a emoção, os sentimentos, também acontecem no corpo. Mas pode, sim, acontecer de pessoas fazerem sexo reiteradamente sem envolvimento", explica Natalia. E, como fazer isso? "Acho que não tem uma fórmula específica. Antes de qualquer coisa é preciso entender se você vai segurar essa barra, se vai saber colocar as relações nos seus lugares. E tem que haver confiança mútua entre vocês, assim como em qualquer outra relação", diz Juliana. 



Obs: alguns nomes foram alterados por pedido das fontes.

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