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Sexo casual não precisa ser impessoal: uma conversa sobre naturalizar o afeto

Relações casuais não precisam ser sinônimo de distância e desinteresse. Como podemos ter trocas mais sinceras e prazerosas sem conexão?

 

Apesar do sexo casual ser uma prática que envolve se relacionar com alguém sem a intenção de um compromisso sério, isso não significa que essas relações precisem ser frias. 

Geralmente, quando falamos de uma relação nesse formato, onde muitas pessoas entendem que afeto significa querer um compromisso mais sério, algumas acabam deixando de entregar o melhor de si nas relações. Deixam de curtir aquele momentinho gostoooso, a possibilidade de falar algo carinhoso, simplesmente porque veio à mente, dormir de conchinha ou até chamar a pessoa pra fazer uma viagem por medo e suposições do que a outra vai pensar.

Por que não podemos viver coisas boas com alguém, mesmo que não seja uma relação mais séria?

 

O que é afetividade?

O medo de se permitir ser vulnerável, de demonstrar algo a mais, às vezes, nos impede de viver uma relação leve e transparente.

Frequentemente, quando falamos de sexo casual, muitas pessoas acreditam que só é possível viver relações dessa forma caso não crie nenhum vínculo afetivo, ou, por outro lado, caso a pessoa em questão tenha um nível altíssimo de compatibilidade com você - até que se torne algo mais sério.

Mas como é possível saber se aquela relação pode se tornar algo a mais - ou não - quando sequer ao menos tentamos?

"Afetividade é a ação de se afetar ou de afetar alguém. Quando pensamos nessa possibilidade, estamos falando muito além de amor e focamos em estarmos inteires em uma relação, e isso independe de ser casual ou de ter um compromisso com outra pessoa", comenta Lulu Lovelight, educadore sexual e fototerapeuta.

Segundo Lulu, sexo casual não precisa ser sinônimo de distância e desinteresse. "Quando nos colocamos disponíveis pra conhecer outro ser humano completamente, o afeto se torna possível. Estamos falando de uma abertura, da disponibilidade para ser afetade". 

 

Como comunicar meus desejos e limites para a outra pessoa?

É certo que nem sempre queremos um compromisso mais sério com alguém. Mas, como alinhar as expectativas em relações causais? O que cada pessoa entende por essa casualidade?

Antes de tudo, Lu Lovelight comenta que o mais importante é ter um diálogo sincero e entender o que cada pessoa espera da relação, seja ela qual for.

"O consentimento pode nos informar onde podem existir acordos claros sobre as expectativas, desejos e necessidades das pessoas envolvidas. Como seria abrir a comunicação, expressar realmente o que estão buscando e expressar os cuidados que precisam", comenta. 

Ter uma troca sincera, momentos de cuidado e intimidade, exige presença e honestidade. E se a outra pessoa também não quiser um compromisso mais sério? E se ambos estiverem saindo com outras?  

"Poder contar, por exemplo, se você está se relacionando com mais pessoas ou qual é a base do que você entende como uma relação casual, é um caminho que pode ser muito frutífero, assim as pessoas podem encontrar o caminho que é autêntico daquela relação".

Cada relacionamento tem seu formato, dinâmica e momento. Que tal se permitir viver relações cada vez mais livres, transparentes e acolhedoras, e naturalizar o afeto?

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