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Dor durante o sexo: entenda por que não é e nem deve ser normal

Descobrir as possíveis causas da dor pode te ajudar a ter momentos de prazer mais seguros e tranquilos

por Carolina Merino


Quando o assunto é sexo, muitos tabus são colocados à mesa. Um dos mais comuns, e infelizmente menos falados, é acerca da dor que pode-se sentir durante as relações sexuais. O medo, a descoberta de algo novo, a obrigação de ceder mesmo quando está sem vontade ou até o pensamento inconsciente e socialmente construído de que o sexo é algo ruim e sujo levam inúmeras mulheres a continuarem transando mesmo sentindo dor. O sexo, que deveria significar um momento de prazer, entrega e autoconhecimento, se torna um ato no qual é preciso fazer sacrifícios. 

 

Inseguranças à parte, os desconfortos na vulva e vagina ainda podem ser indícios de questões mais graves. “A dor é sempre um sinal de alerta. Por isso, é preciso estar atenta à frequência: se acontece sempre ou é apenas pontual”, explica a ginecologista Cristina Bianchi. “As causas são muitas: desde a falta de excitação, infecções como candidíase ou hpv, endometriose e até um câncer de vulva ou reto, por exemplo”. Identificar o local da dor também é crucial para definir o melhor diagnóstico. 

 

A dispareunia, como é chamada a dor na relação sexual, pode ainda ser sinal de condições como a vulvodínia, o vaginismo e a síndrome urogenital. A médica Cristina explica a diferença entre cada uma delas e aponta outros sintomas e causas relacionadas. 

 

Vulvodínia 

É uma dor crônica na região externa da vulva que se estende por mais de três meses. Pode ser sensível ao toque (sentar ou colocar roupas íntimas) ou ser espontânea. As causas estão relacionadas a um herpes recorrente, atrofia da mucosa ou vaginismo. 

 

Síndrome Urogenital 

É provocada por uma baixa produção de estrogênio (hormônio sexual de pessoas com vulva). Os principais sintomas são a atrofia da vagina, a falta de elasticidade e a perda da capacidade de lubrificação. A síndrome pode também chegar à uretra, causando coceira, ardência e urgência para fazer xixi. Este caso é bem comum em pessoas que estão passando por tratamentos de câncer como o de mama – os medicamentos induzem a menopausa e bloqueiam a produção do estrogênio, ou utilizam anticoncepcionais de baixa dose. 

 

Vaginismo 

A principal característica é a contração permanente e constante da musculatura da entrada da vagina. O vaginismo acontece em três casos que apresentam a mesma característica: contrair a vagina por medo da dor. O primeiro acontece desde a primeira relação sexual e quase sempre está relacionado ao psicológico – abuso moral ou físico na infância, relações familiares opressoras ou julgamento de imoralidade embutido no inconsciente. O segundo é geralmente ligado a perda de lubrificação na menopausa, onde o sexo se torna algo desconfortável e a vagina se contrai para se proteger. O último caso é reflexo de uma candidíase forte que não foi tratada de maneira correta. Por conta da ardência e da dor, a reação é também de medo.

 

Seja quais forem os seus sintomas, sentir dor não é normal. Procure um médico de confiança e preste atenção em qualquer alteração do seu corpo. É preciso se cuidar para sentir prazer como deve ser: potente, transbordante e delicioso.

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